quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Circuito NGPS - Primeira etapa Lousã.

Após algum tempo de interregno, a melhor forma de regressar a este espaço é com a participação no circuito NGPS.
Gosto muito do conceito e da simplicidade do circuito. Acho sinceramente que o futuro do btt passa por aí, sem fitas, sem lixo.
Resumidamente, o circuito NGPS é um conjunto de 10 provas organizadas por vários grupos/ clubes de baixo custo para os participantes. Faz-se apenas uma inscrição para todo o circuito, e só se pagam as provas em que se quer participar. A cada participante é fornecida uma caderneta com o logótipo dos diferentes clubes organizadores e o respectivo autocolante por cada prova, ao estilo de caderneta de cromos. O objectivo será o de completar a caderneta toda.
Também gosto muito do cariz não competitivo. O facto de não haver tiro de partida é deveras interessante. Cada um (dentro do tempo em que o secretariado está aberto) vai levantando o seu dorsal, prepara as suas coisinhas e parte serra acima. O importante aqui não é o início nem o final, mas sim o durante, a viagem e todo o prazer que se retira dela. Além do mais evita-se o desagradável congestionamento inicial. O ideal será não se fazer isto sozinho, mas na companhia de pelo menos um amigo, apesar de quase nunca se andar sozinho na serra quando se verifica a participação de quase 800 pessoas.


Acordei ainda primeiro que o sol, e fui arrumando as coisas enquanto esperava pelo Nuno que vinha de Abrantes. Depois de carregada a bike, seguimos para a Lousã.
Juntámo-nos à agitação local, enquanto levantávamos os dorsais e nos preparávamos para a partida. Ainda encontrámos o Domingos que já estava pronto para partir.


O início deu-se no princípio, curiosamente, e esperavam-nos 90 quilómetros, isto se não houvesse nenhum engano, o que seria quase impossível, a maior parte das vezes culpa da paisagem ou da conversa.


Começamos a subida inicial (6 quilómetros dela) a bom ritmo onde aproveitámos para fazer o aquecimento. Como é sabido, o aquecimento a sério, faz-se serra acima e não em rolos.
Os primeiros 56 quilómetros seriam a subir e os restantes a descer. A primeira aldeia de xisto que nos esperava era Gondramaz, onde comemos umas tostas e provámos o mel da serra da Lousã. Até aí tínhamos seguido com os 3 cagaréus (o Rui, o Pedro e o Leonel) em representação da maior equipa do país e talvez até de Aveiro.


Continuámos a subir em direcção às eólicas e depois disso de encontro à aletria que estava bem boa, apesar do Nuno pedir arroz doce, só para contrariar.


Começava aí a parte mais técnica, mas também mais divertida, com uns singles por entre os pinheiros que nos levariam até ao Chiqueiro. Fomos entretanto brindados com umas espectaculares quedas por essa altura, felizmente sem consequências para ninguém (o trilho do javali a fazer as suas vítimas). O Nuno, agora de 29, desce como se não fosse nada com ele e afinal até chegou à conclusão de que também gosta de descer.


Depois disso tudo, uma valente subida em alcatrão que nos levaria de volta à aletria e depois ao Talasnal, outra das lindíssimas aldeias de xisto.


Para variar continuámos a subir até ao ponto mais alto do percurso em Santo António das Neves. Claro que por essa altura já tínhamos feito mais um par de quilómetros porque o gps ia lá só para enfeitar.
Aproveitámos também para almoçar com vista para o Coentral, onde também tinha passado o geo-raid.



Chegados lá acima foi tempo de paragem nos poços da neve antes de iniciarmos a descida que nos levaria a passar em Aigra Velha e depois em Aigra Nova. Tempo para mais uma paragem para um café e um talasnico (doce típico do Talasnal à base de mel e castanha). O caminho continuava a fazer-se para baixo e foi assim que chegámos aos últimos quilómetros antes da Lousã. 



O melhor estava para vir. A organização tinha guardado o melhor para o fim. Quase 10 quilómetros de lama, mas não era uma lama normal, era uma lama filha da puta que se colava a tudo e entrava em todo o lado onde impossibilitava quase a tarefa de pedalar. O Nuno que tinha vindo a puxar quase todo o caminho veio desta feita atrás de mim. A irritação provocada por tal piso levou-me a pedalar quase cheio de força num misto de pedalar com chamar nomes a tudo à minha volta. Deu para esticar as pernas, bem como o vocabulário mais prosaico.
Foi entre casas e caralhadas (só eu, que o Nuno é um moço bem educadinho, além do mais precisava da boca para respirar) que chegámos à Lousã onde um camião dos bombeiros nos esperava para a lavagem das bikes e dos sapatos (ainda estive na dúvida se os lavava ou os deitava fora, tal o estado).



Seguimos depois para o carro e depois de arrumarmos as bikes ainda fomos dar uma corridinha para relaxar as pernas. No total foram 94 quilómetros (com os enganos) com 2500 metros de acumulado positivo, mais dois ou três a correr, antes do banho e do jantar que consistiu em muitas coisas, daquelas boas para repor o que se perdeu e acrescentar ainda mais qualquer coisa.



Ao meu parceiro um obrigado pelas fotos, por me puxar e me aturar durante este dia. A próxima é em Águeda para o circuito up and down com a Monitar. A próxima do circuito ngps será na Freita para “apenas” 75 quilómetros, mas com os mesmos 2500 metros de acumulado (deve ser número obrigatório), mas antes disso ainda temos o geo tour, dois dias na serra da Gardunha para mais uns quilómetros de viagem pelo que de melhor tem a vida.