quinta-feira, 5 de abril de 2012

Seis X cinco empenos

Tudo começou há seis anos atrás quando desafiei o Nuno para um percurso com algumas subidas interessantes a que por graça dei o nome de cinco empenos. Queria saber qual a opinião dele sobre o percurso e uma ideia que queria concretizar. Por esse tempo, os passeios que existiam eram todos iguais. O percurso era marcado com fitas, com todos os inconvenientes que isso acarreta. Normalmente o montante da inscrição só chega para colocar as fitas e acaba-se na altura das ir tirar. A minha ideia na altura era organizar um percurso sem fitas, guiado por gps onde teriam que ser os atletas/ participantes a preocuparem-se com toda a logística necessária para a realização do percurso. Hoje já se vê muita coisa desse género, mas na altura só o transportugal funcionava dessa forma. As inscrições seriam gratuitas e todos os participantes teriam direito a seguro e banhos. No final far-se-ia um jantar convívio com todos os participantes, ficando a despesa do mesmo a cargo de cada um. A vez experimental aconteceu no dia 6 de novembro de 2007. Com o Nuno vieram o Machado e o Francisco também de Abrantes. Como a ideia pareceu agradar-lhes decidi avançar com a segunda edição dos cinco empenos. Seria a primeira nos moldes que tinha imaginado, e aberta a todos os que quisessem participar até um limite de 40 participantes. Ficou marcada para o último sábado de março (data que se mantém até hoje). Por esta altura o Hernâni (pessoa de coração grande e sempre solidário) falou-me num miúdo de nome Samuel com um grave problema de saúde. Se se pudesse contribuir de alguma forma para ajudar o Samuel seria óptimo. As inscrições continuaram grátis e optei por apelar à solidariedade de cada um. O montante que se realizasse seria entregue ao Girão que se encarregaria de o fazer chegar ao Samuel. Por motivos diversos (calculo que relacionados mais com o facto de que tudo o que é grátis não presta) apareceram apenas os amigos e um desconhecido na altura, o José Andrade da Figueira da Foz. Como eramos apenas 16 e quase todos conhecidos optámos por fazer o percurso todos juntos. O resto da história pode ser vista aqui (2007) e nos anos que se seguem (2008, 2009, 2010, 2011). Apesar de tudo conseguimos 220€ no final do jantar (cada um contribuiu com o que pôde) e o Jerónimo ofereceu uma bike, restaurada por ele, para leiloar entre os participantes. Como eramos poucos optou-se por rifas que seriam vendidas numa das diversas maratonas em que o Girão participasse, ficando ele responsável pela dita. Mas a história não acaba aqui. Na referida maratona, encontrava-se também o Hernâni que viria a ser o justo vencedor da bike do Jerónimo. Uma vez que era para ajudar, o Hernâni voltou a oferecê-la ao Girão que voltou a repetir o processo outra vez noutro lugar. O que começou com uma brincadeira para ajudar o Samuel com qualquer coisita acabou por revelar-se uma ajuda bastante considerável. Ficámos todos felizes.

Foi este o início dos cinco empenos. Daí para cá, tem sido apenas um dia de festa e de reencontros onde se juntam amigos e outros que são amigos dos amigos que passam a ser amigos de todos.

O número tem oscilado, mas nunca havíamos sido tantos como este ano. Fomos 27.

Depois de no ano anterior ter alterado o percurso (para o lado das Corgas e do Picoto Rainho) este ano voltei ao percurso original, mas com pequenas alterações. Seria bastante mais técnico, mais comprido e consequentemente ligeiramente mais duro.

A chegada foi-se fazendo entre as 9 e 9.30. depois dos cumprimentos, dos já habituais Jesuítas do Jerónimo e do abatanado do Silvério, fomo-nos aprontando para mais um início dos cinco empenos.

Os quilómetros iniciais também foram diferentes do habitual. Desta vez o motivo foi o alcatrão que avança por todo o lado. Fomos subindo até ao Vale do Pereiro. Dali à Longra era um saltinho, mas descemos tudo para voltar a subi-la pelo segundo empeno (o original). Lá no cimo reagrupámos e seguimos até ao Marmeleiro onde abastecemos de água e laranjas, não sem antes remendarmos dois pneus e uma corrente.

Até à Azinheira foi um instante onde começámos o habitual single à beira da ribeira e depois o novo, que nos levaria até à praia fluvial do bostelim. Esta parte foi a mais técnica do percurso mas também a mais bonita seguindo sempre a par da ribeira. A passagem pela Relva antecedeu o início do terceiro empeno. O maior e mais difícil mas também o mais bonito a fazer as baixas do costume. Com o centro geodésico ali ao lado e uns pingos a vir de cima, descemos até Vila de Rei onde comemos qualquer coisa mais substancial.

O reinício fez-se por uma calçada romana que proporcionou umas sacudidelas e onde o gps do Leonel acabou por cair. Só deu conta uns quilómetros à frente e teve que voltar atrás a procurá-lo.

De seguida passámos na cascata do escalvadouro, local sempre bonito. Assim fomo-nos aproximando rapidamente da ponte das Charcas que antecedia o último empeno do dia, o mais curto mas o mais inclinado.

Palhais, Cumeada e Sertã. Os últimos locais de passagem antes do jantar. Todo o percurso decorreu com a boa disposição que se impõe onde a conversa e as gargalhadas estiveram sempre presentes.

Deixo um agradecimento a todos os que vieram passar este dia comigo e em especial ao pessoal de Leiria pelos bonitos empenos que me ofereceram. Gostei mesmo, a sério. Para o ano há mais.

Um abraço a todos.