quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Redcross trail - Maiorca


Após uma retemperadora semana de férias na praia nada melhor que uma corridinha para finalizar as mesmas em beleza.

Como estava pela Figueira da Foz resolvi participar nesta redcross trail, uma corrida (com objectivo solidário) que se desenrolava desde a praia de Quiaios até à localidade de Maiorca e que tirando a Serra da Boa Viagem pelo meio, não antevia dificuldades de maior. A organização anunciava um acumulado de quase 600 metros e seria portanto basicamente uma subida, uma descida e uma mais ou menos recta que se estenderia por 31 quilómetros. Seria, mas não foi.

Foi com o nevoeiro de Domingo que me desloquei até Maiorca onde já estava o João que mais uma vez me acompanhou nesta jornada. Com os dorsais no peito e um café no bucho entrámos para os autocarros. Quando de lá saímos estávamos à beira mar, onde iria ter início a jornada.

Os 2 quilómetros iniciais foram feitos na praia onde o mar de corredores ao ritmo do outro subia e descia ao sabor das ondas aproveitando a areia mais dura. Depois começava-se a dura subida por entre os imponentes e íngremes rochedos que se inclinavam até lá acima. Pelo caminho passamos por bonitos carreirinhos que se iam estendendo pela encosta sempre com a praia e o mar lá em baixo. Por essa altura fui comendo uma barra que me caiu no estômago como uma pedra o que me obrigou a baixar o ritmo para não vomitar. No primeiro abastecimento apenas consegui beber, mais porque tinha que me manter hidratado. Entretanto o João já seguia lá mais à frente.
A envolvência entretanto mudara e apesar de devagar, ia deixando para trás árvores, arbustos e vegetação mais ou menos rasteira típica de montanha. Assim se foi até ao segundo abastecimento. Mais uma vez apenas água para hidratar. Apesar de não me sentir pior, também não havia melhorado grande coisa e sem comer não havia tendência para isso. 

Ao meu lado iam passando agora eucaliptos. Sem dúvida a parte mais feia do percurso. Também fui encontrando algumas subidas, curtas mas íngremes.
O terceiro abastecimento trouxe muitos túneis, muita pedra e ainda alguma água mas dentro dos sapatos. Por esta altura comecei a sentir-me menos mal e fui passando alguns participantes que seguiam em pior estado do que eu. Antes do reforço final apareceram umas 4 paredes que acabaram com a pouca energia que ainda tinha. Ainda tomei um gel a medo mas de qualquer forma já era tarde. The damage was done. Após 29 quilómetros com uma barra e um gel, não podia pedir mais. Tinha a certeza que os 600 metros de acumulado haviam passado há muito, mas de qualquer forma restava-me continuar e só não chegaria ao fim se caísse para o lado.

No último reforço faltariam apenas três quilómetros como me informaram. –pois sim, pensei. Afinal foram mais dois além desses três, mas quando se segue sem forças dois quilómetros podem parecer intermináveis. E assim foi. De qualquer forma lá me fui arrastando pelas planícies de Maiorca e pelos campos de arroz em perfeito piloto automático só com a meta na cabeça. Quando apareceu, fiquei feliz, a sério, mesmo feliz.
O João já havia chegado e estava por ali à conversa e à minha espera.
Para corrida relativamente descontraída, saiu-me um empeno à antiga. Bem sei que a culpa foi maioritariamente minha porque ao longo de 34 quilómetros quase não comi nada, mas os 1707 metros de acumulado ascendente também ajudaram e de que maneira.

Assim como assim vinguei-me e fui repor tudo com um rico cozido à portuguesa. 
Dormi bem nessa noite.

(como não tenho fotos ficam algumas das férias)