terça-feira, 29 de março de 2011

Cinco vezes cinco empenos

No final da quinta edição dos cinco empenos vários eram os sentimentos que me tinham tomado de assalto, mas apesar de tudo, todos bons.

Este ano e após alguns dias de tempo excelente, fomos brindados com um dia de chuva e frio. É certo que nem sempre choveu, mas as duas cargas de água que apanhámos, molharam-nos até aos ossos. Mas nem tudo foi mau…

Desta vez fomos 20. Nunca havíamos sido tantos, nem sempre a quantidade é qualidade, mas desta vez foi. Veio muita gente de novo e tudo gente boa.
Os habituais foram o Alex, o Domingos, o Jerónimo, o Nuno, o Luís Filipe, o Eduardo, o José Andrade, o Bruno e o Machado. De novo vieram os Ruis, o Lourenço e o “bófia”, os Carlos (de Oleiros e Leiria), o Miguel Frades, o Rodolfo, o Bruno Silva, o Francisco, o Leonel e Paula. É verdade, pela primeira vez houve uma representante feminina, e que representante. Fiquei triste com a falta do Gilberto que ainda se encontra a recuperar de um violento atropelamento enquanto pedalava. Segue de todos um abraço de melhoras e para o ano esperamos cá por ele.








Numa hora a meio da manhã e depois dos preparativos iniciais, partimos à conquista destes novos empenos. Novos apenas porque o percurso foi novo, o espírito, esse era o sobejamente conhecido.

Ainda mal tínhamos começado e o Bruno (de Leiria) já tinha alguns problemas com o seu desviador traseiro. Uns quilómetros à frente acabou mesmo por partir. Sendo que não havia um de substituição o Bruno teve que voltar para o carro e esperar por nós. Acabaria por ganhar o prémio da maior seca durante um dia molhado como este. A desgraça de uns é a sorte de outros, mas já lá vamos.

Depois da Portela, o chão ia passando debaixo de nós em direcção às Ribeiras Cimeiras. Por essa altura o Sargento perdeu-se enquanto ficou a tirar uns retratos a quem passava. É esta a tropa a que estamos entregues ;)







A partir daí a roda da frente começou aos poucos a ficar mais alta do que a de trás e assim se manteve durante uns valentes quilómetros.
Enquanto nós subíamos a chuva começou a descer, e se descia depressa. Entretanto o pneu slick do Machado resolveu entregar a alma ao criador, mas curiosamente enquanto a mesma ascendia aos céus, a chuva cessou e o sol brilhou enquanto durou a muda.

Mais tarde nessa manhã, encontrávamo-nos no Malhadal. Local de bonita praia fluvial onde permanecemos por uns momentos. Aí fizemos a primeira votação do dia. Percurso maior ou um menor e alternativo por causa da chuva e do frio? Com dezoito votos e meio a favor e apenas meio contra decidiu-se pelo maior, e ainda bem. A ascensão até às Corgas foi acompanhada por uma chuva diluviana. Foi completamente a pingar que nos apresentámos no café local para espanto da gente que por lá se encontrava. Com o bucho mais grado lá nos despedimos dos locais não sem antes fazermos uma visita à adega do Sr. Américo que nos recebeu com toda a simpatia e nos ofereceu um copinho para acalorar a alma e o corpo para a subida que se avizinhava até ao Picoto Raínho no topo dos seus 1100 metros. A saída das Corgas foi feita debaixo de sol, o que nos deixou mais animados para enfrentar o aclive que se seguia.








Com a roda da frente a continuar quase sempre mais alta que a traseira, fomos seguindo serra acima e ainda cruzámos as localidades do Pedintal e da Ribeira da Isna. Daqui para a frente, estávamos mesmo no coração da serra. As árvores eram cada vez mais escassas e ia abundando a vegetação rasteira.
Antes do topo passámos ainda pela aldeia abandonada de Tojais. Aqui foi sugerido pelo Jerónimo uma inusual fotografia a que todos acharam piada, mas que acabou por não se concretizar… estava frio.

Ainda apanhámos 50 metros finais de uma subida que teve que ser feita à mão, tal a inclinação da mesma.
Mesmo na parte final, ao frio juntou-se a chuva e o vento, o cocktail completo. Entretanto o Rui (o bófia) seguia com muitas dores num joelho em tempos operado e que se encontrava com o dobro do tamanho.
Lá em cima a chuva e o frio estavam em todo o lado tornando a nossa progressão cada vez mais difícil, mas também mais memorável. É um facto que as coisas mais difíceis de alcançar são as que perduram na memória e as que recordamos com mais sabor. Penso que este será um desses dias.






Após o início da descida do Picoto o Rui acompanhado das dores e do frio teve que parar nas alminhas da Santinha e ficar por ali mesmo. Algumas das outras almas ainda foram fazendo flexões para aquecer. A boa disposição sempre presente apesar de tudo. Enquanto esperava que o fossem buscar, os restantes continuaram a sua rota descendente. Tinha mesmo que ser, alguns já não se estavam a sentir bem por causa do frio que se fazia sentir. O outro Rui, o Lourenço apesar de bem mas com o companheirismo que lhe reconheço acedeu a ficar com o Rui (o bófia), que quase não se sentia. Rui, obrigado. És o maior. Quem o conhece sabe que é verdade o que digo.
Na Várzea dos Cavaleiros mais uma paragem para tomar algo quente num qualquer café que por lá existia. Enquanto isso outros aqueciam-se com uma jeropiga oferecida por uma simpática anciã. A velhota queria que a Paula entrasse para mudar de roupa que lhe emprestava uma camisola seca. Ainda se encontram pessoas muito queridas na sua honesta inocência.
O caminho até à Sertã fez-se com um bonito entardecer. A chuva deu tréguas e o sol recebeu-nos na chegada. Os Ruis ainda passaram por nós no carro do Bruno que os foi buscar. Abençoado desviador partido –terão pensado.







Após os banhos (quentinhos) nas instalações da piscina municipal (obrigado à CMS) fomos repor todas as energias perdidas com o jantar. O Jerónimo ainda nos presenteou com a já habitual componente cultural, que segue em baixo.
A conversa seguiu animada e apesar de ainda faltarem alguns quilómetros para fazer a quem de fora, só se começou a arredar pé lá pelas vinte e três horas. Os que ficaram acabariam por ir à cama, mas bem mais tarde.
Obrigado a todos os amigos que insistem em passar este dia comigo e com todos os outros. Aos de sempre, é um prazer, aos de novo ainda bem que vieram e espero voltar a vê-los.
Só um reparo final, apesar de muitas cabeças e opiniões, é sempre muito bom quando pedalam todos para o mesmo lado sem que se criem confusões ou atritos apesar das dificuldades e das diferentes vontades. Desta vez foi assim e que bonito é saber respeitar a vontade dos outros. Só assim se consegue um dia que vale a pena recordar. E a culpa foi de todos.

E como diria o Jerónimo –um abraço de amizade.