quinta-feira, 8 de maio de 2008

Passagem no Paraíso

Aproveitar o dia da melhor maneira foi a proposta para o dia do trabalhador. Trabalhar estava fora de questão. E que melhor maneira de passar o dia do que a pedalar por aí e descobrir novos locais, novas pessoas e novas paisagens?
Ficou então combinado sairmos de Cernache do Bonjardim à procura de uns trilhos que o Tó (agora baptizado “dos trecos”) fizera há uns anos atrás, mas de mota (íamos ver se ainda existiam).
A deslocação até Cernache do Bonjardim foi feita de bike, assim como assim o aquecimento estava feito.
Após um café que serviu para acordar os mais sonolentos, lá partimos em direcção ao desconhecido (mais ou menos).
Tomámos a nacional em direcção a Tomar e um pouco à frente virámos à direita e entrámos na terra.
Os típicos caminhos florestais cobertos com caruma levaram-nos ao Pampilhal e à primeira paragem para apreciar a paisagem. Com o dia claro e limpo, os montes e vales perdiam-se de vista.


Se até aí tínhamos subido começamos uma divertida descida até ao Brejo da Correia. Após breve encontro com o alcatrão voltámos à terra onde seguimos mais uns quilómetros até encontrarmos o que restava de uma aldeia que dava pelo nome de Paraíso. Os habitantes há muito que partiram e ficaram apenas algumas velhas ruínas engolidas pela vegetação.
Mais à frente vimos um carreirinho alternativo marcado com uma placa que dizia “extreme – só duas rodas”. Com uma indicação tão sugestiva só havia uma coisa a fazer, segui-lo para ver como era, onde ia dar e se era realmente extreme. Só o Luís seguiu por ali comigo. No início seguimos por um estreito corredor ladeado por giestas, mas uns metros à frente, a coisa tornou-se realmente extreme. Uma descida com uma inclinação enorme, obrigou-nos a desmontar. O Luís ainda tentou a sua sorte, mas depressa desistiu. Era impossível descer aquilo em cima da bike. O Tó garantiu-nos que o pessoal das motas passava por ali. Não duvido, mas gostava de ver.



Mais à frente fizemos uma paragem no “Lírio do Zêzere” para refrescar a garganta, pois o calor fazia-se sentir e bem.
Ainda conseguimos convencer a proprietária a tirar-nos uma fotografia. Ela bem avisou que não era dada a modernices mas não lhe demos ouvidos. O resultado é o que se vê.



Toca a seguir em direcção ao Almegue que ainda havia muito para andar.
A paisagem mudava drasticamente em meia dúzia de metros. Os pinhais e eucaliptais, davam lugar a campos verdejantes forrados a amarelo e a refrescantes riachos à medida que íamos descendo ao encontro do rio. Mais à frente, o caminho levou-nos mesmo até ao Sambado, que fica na encosta do Zêzere. À nossa frente estava a Foz de Alge. A vista valeu uma curta paragem e umas palavras com um habitante local. Seguimos mais algum tempo junto à água até começarmos a vislumbrar na margem oposta a bela localidade de Dornes. Ainda procurámos um barco que nos levasse ao outro lado a comer a especialidade da terra, achigã frito com arroz de tomate (um pitéu), mas não tivemos sorte e vingámo-nos nas barras que levámos (que remédio).




A partir daí começamos a subida para a Serra da Aparícia, que viria a desenrolar-se por alguns quilómetros. Ao fazermos um pequeno desvio deparámo-nos com o caminho fechado pelo mato e tivemos que ser nós a carregar as bikes morro acima. Nada de grave.
Continuámos a subir sempre acompanhados por uma paisagem deslumbrante com o vale do Zêzere sempre por baixo de nós. Os montes, o verde e o rio conjugam-se em perfeita harmonia. Aproveitámos para tirar mais uma foto e continuámos até ao topo da Serra.




Lá chegados, foi hora de descer por ali abaixo até ao Vale da Ursa com o rio sempre por companhia. Passada a estalagem e devido ao adiantado da hora fizemos os últimos quilómetros em alcatrão, pois a hora de almoço já havia passado há algum tempo.

Antes de chegarmos ainda parámos no café do Sérgio para refrescar a goela.
Daí até Cernache do Bonjardim foi um saltinho.
Para mim ainda havia mais uns quilómetros a fazer até à Sertã, mas tive a companhia do Moedas e do Luís até metade do caminho, ficaram no Tojal.
O dia do trabalhador, esse foi muito bem passado a pedalar e a restante tarde a descansar.
Foram 67 quilómetros muito bem passados a um ritmo de passeio com um acumulado de 1300 metros, ao longo dos quais tivemos sempre a companhia do assobio do Tó (já é hábito) e da resmunguice do Xana que passou o dia a dizer que ia trocar a bike por uma acelera. Afinal no Domingo lá estava ele em Pedrógão para mais umas pedaladas.